🐸Devaneios 🐸
Hoje queria iniciar um assunto que é muito importante e conversando com umas amigas domingo isso ficou fervilhando na minha mente. A importância do movimento consciente de descentralizar homens da minha vida. E falando nisso, esse papo conecta muito com o último episódio do podcast, onde exploramos "medo de mulher" que tanto escutamos por aí. Porque, no fundo, descentralizar homens e encarar esse suposto "medo" são faces da mesma moeda: romper com roteiros prontos, homofobia, machismo e abraçar nossa autenticidade.
Outro dia estava comentando sobre vôlei quando um homem se intrometeu para dizer que "a gente estava bem". Respondi claramente que não, pois o Minas (time que eu estava comentando) havia perdido para o Osasco. Ele imediatamente presumiu que eu estava falando de vôlei masculino, se referindo ao time do Cruzeiro. Pelo amor! Para mim, só vem o vôlei feminino à mente, o comentário dele nem fazia sentido. Se mete na conversa dos outros com a certeza que tô falando do universo de homens dele. Foi então que me lembrei, e não que seja possível de esquecer, mas eu desassocio por instantes e esqueço que a sociedade é homem-centrada. E quando lembro, vem aquela facada de retomar a visão para essa realidade.
Descentralizar homens da vida é um caminho ativo e constante. A cada dia, vamos trilhando um percurso mais concreto, ainda que complexo. Isso me faz querer perto de mim pessoas que façam o mesmo movimento. Não admiro, por exemplo, quem tem tudo na vida girando em torno de admirar homens. Olha, não é necessariamente conviver só com lésbicas, não é isso. Eu acho que temos mais a ganhar em ambientes receptivos e diversos. Estarei na linha de frente contra quem tenta invalidar a bissexualidade, por exemplo. Mas não conte com meus ouvidos se for uma pessoa que só quer falar de homens cis comigo. Eu não me interesso e me estresso. Se é gay, não pode ser daqueles gays "GGGG" que tudo é homem.
Não adianta ser só o homem gay que tem amigas hétero, não muito obrigada. Não quero ingresso para o show de aplauso da falocentricidade cis. Tenho amigas hétero, sim, mas graças às deusas, nenhuma que fala de homem o tempo todo. E olha, não faltam lésbicas homem-centradas por aí também. Aquelas que só assistem esporte que homem joga, que falam de mulheres de forma ofensiva junto com seus parças, que reproduzem comportamento de diminuir outras mulheres. É triste ver isso, mas é real.
"Ah, mas sendo lésbica é mais fácil, né?" Em partes, sim. Nasci com a sorte de não gostar de homens, então nada me atrai neles, principalmente a forma como foram socializados e como se sentem sempre confortáveis sendo esses seres privilegiados na sociedade. Gente, já discordaram de um homem? É uma saga homérica. Eu não tenho paciência. Ego frágil demais. E repito não basta ser "abençoada pela lesbianidade", porque não faltam lésbicas que ainda centralizam homens em suas vidas. Já ouvi de lésbica: "Ah, prefiro amizade de homem porque mulher, tudo vira rebuceteio." Talvez seja questão de encontrar os círculos certos e seguros. Não vou ser ingênua em dizer que é incomum encontrar espaços onde acordos e respeitos são quebrados, onde pessoas ficam envolvidas nesse rebuceteio que pode ser bem doloroso para quem foi negligenciado da equação. Mas usar uma experiência ruim ou o medo de algo assim para não procurar amizades com mulheres que não centralizam suas vidas em homens é uma perda muito maior. É abrir mão de conexões genuínas, de trocas reais, de uma rede de apoio que entende suas vivências e lutas de um jeito que homens e pessoas homem-centradas jamais vão entender.
Descentralizar homens não necessariamente sobre excluir. É sobre escolher a gente. É um gesto de amor próprio e também de cuidado coletivo. É poder existir sem a pressão, a violência ou a necessidade constante de ser validada por homem cis nenhum.
Simplesmente parar de colocar eles no centro de tudo como o mundo insiste em fazer o tempo todo. Relações, esportes, trabalho, referências, livros, podcasts, newsletters, família, amizades, festas, cidades, cinema, teatro, música… chega.
É sobre abrir espaço pra outras narrativas, outras presenças. Inclusive a nossa.
E vocês, já pararam para pensar sobre isso? Como tem sido esse movimento em suas vidas? Acham que vale um episódio sobre?
🚂 Me indica um trem ai
Estou vendo: Já indiquei em algum episódio do Sapa Justa, mas volto pra reforçar: Hacks. Recentemente saiu a terceira temporada e tá maravilhosa, tanto quanto as duas primeiras.
A narrativa da série basicamente é sobre a Deborah Vance, que tá há muitos anos na indústria da comédia, mas começa a perder relevância. Por insistência do empresário, ela acaba contratando uma comediante roteirista mais nova, a Ava (nossa representante bissexual que traz todo um sabor).
Fora os outros personagens que também são super interessantes, o mote principal é a relação muitas vezes conturbada entre as duas.
Eu simplesmente amo elas. Daquelas séries de rir, rir e se emocionar. Definitivamente meu tipo de humor. Hacks é uma preciosidade.
Onde ver: Max (HBO)
Análise da pesquisa: "Quero te ouvir!"
Primeiramente, o meu muito obrigada a cada pessoa que tirou um tempinho para responder à pesquisa. A opinião de vocês é fundamental para que eu possa construir um podcast cada vez mais forte e alinhado com o que a nossa comunidade quer ouvir e sentir.
Os resultados foram incríveis e me deram muitos insights. Vou compartilhar os principais pontos com vocês!
A Motivação principal: Por que apoiar o Sapa Justa?
Essa era a pergunta de ouro! Eu queria entender o que mais te motivaria a se tornar uma apoiadora. O maior resultado foi: o principal motivo é o desejo genuíno de ver o podcast crescer e continuar existindo. Isso me emocionou muito!
Outras recompensas como encontros, reuniões e brindes também são valorizadas, mostrando que a criação de uma comunidade mais próxima é um caminho importante.
O que mais te motivaria a apoiar o Sapa Justa?
Principais respostas: Ajudar o podcast a crescer, participar de encontros online/presenciais, sorteios e brindes exclusivos, reuniões temáticas mensais, acesso a episódios exclusivos. Outras opções como "ter o nome citado", "participar contando sua história" e "conversa mensal" também foram levantados
Pauta para o futuro: O que vocês querem ouvir?
Eu recebi sugestões de temas incríveis e muito relevantes! Agrupei as ideias para vocês terem uma noção do que está no radar da nossa comunidade:
Saúde mental, términos, não monogamia, relacionamentos de longo prazo, relacionamentos após os 40, amigas x namoras, luto, ser lésbica no interior, morar fora do país, desconstruir estereótipos (especialmente sobre mulheres desfem), rejeição amorosa, neuro diversidade, transfobia (um tema pedido para aprofundamento), assédio entre mulheres, apagamento LGBT na mídia, Mães de LGBTS, corponormatividade, episódios sobre realidades profissionais, empreendedorismo LGBTQIA+ e criação de espaços seguros.
Episódios favoritos: Quais marcaram vocês?
Foi muito legal ver quais episódios mais tocaram vocês. Alguns foram mencionados mais de uma vez:
O episódio sobre transfobia com a Jana Viscardi: Muitas citaram este como a porta de entrada para o podcast e elogiaram a seriedade e o cuidado com o tema.
Outros destaques: "Relacionamentos longos", "Término de amizade" e o de "Rejeição com a Jussara Prado" foram muito lembrados. "Saúde ginecológica", "Heterossexualidade compulsória", “Gestão Financeira” e os episódios mais leves, sobre jogos ou cultura pop.
Uma ouvinte disse que um episódio a fez refletir sobre "não ficar olhando a vida passar e sim viver, se jogar”. É pra isso que eu faço o Sapa Justa!
Esses resultados são um guia valioso para mim. Estou analisando cada resposta com muito carinho para planejar os próximos passos do Sapa Justa, incluindo o futuro programa de apoio.
Mais uma vez, obrigada por construírem isso comigo!
Ganhadora do sorteio: Clara (já foi enviado seu email e o live do sorteio tá no insta)
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Letícia Martins 💜